Saudade do que não viveu, mas percebeu.
Vontade do que não sentiu, mas preferiu.
A vida flui, não dependendo do querer, não esperando receber em troca, o que não foi prometido.
Não insistindo no que não foi permitido...
Resvalando no desejo aguçado do desconhecido, desejado...
Escutando tudo aquilo que não foi dito, mas foi pensado...
Ansiando pelo que não foi prometido, mas almejado.
Ah, essa vida de sonhos, de espaços vagos...
De momentos tristonhos.
De angústias no peito.
De palavras cerradas.
De olhos vendados.
De olhar desviado.
De gostos insípidos.
De desejos furtivos.
De cheiros gostosos.
De sons diferentes...
De nuvem branquinha, de sol escaldante.
De chuva cheirosa e céu sorridente.
Ah, vida teimosa, que insiste em ser linda e reinar sobre a gente.
Traz, sutil, a vontade, a saudade...
Dispensa, às vezes, a vaidade.
Por ser curta, traz urgência.
Por ser rainha, congruência.
Por ser dom, se faz presente,
Que por ser viva...
Eternamente.
Helena de Campos.